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Crenças e Doutrinas_Em destaque Iluminati

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010.

A palavra illuminati tem sua origem no latim e significa literalmente iluminado. No entanto, iluminado é uma expressão muito comum no vocabulário ocultista, principalmente quando se trata de grupos secretos e doutrinas específicas, fazendo referência a uma elevação espiritual da qual seus membros supostamente são dotados.

Dessa forma, ao longo da história, encontram-se vários registros sobre os "iluminados" em culturas bastante distintas. Na Europa medieval, precisamente entre os séculos XV, XVI e XVII, havia "iluminados" na Espanha, Itália e França, sob a alcunha de alumbrados, illuminés e martinistas, por exemplo. Ainda, personagens como Inácio de Loyola estariam envolvidos de alguma forma, ou pelo menos nutriam uma certa proximidade, com um destes grupos. Sob uma abordagem mais ampla, maçons, rosacruzes e templários podem ser incluídos no mesmo ponto de vista. Naturalmente, devido à poderosa influência da Igreja Católica neste período, algumas destas sociedades secretas foram investigadas e desmembradas pelo implacável sistema inquisitório; anulando, dessa forma, importantes registros históricos sobre suas atividades. As origens da Ordem

Há pelo menos duas possíveis origens da ordem que atualmente é conhecida por Illuminati. Robert Wilson, autor de O Livro dos Illuminati, afirma que a ordem fora concebida em 1090 por Hassan Isabbah com o nome de Ismaelita (posteriormente conhecidos como Haxixinos devido ao consumo de haxixe) e um propósito ocultista de atingir a imortalidade através de práticas de magia. Esse grupo de Isabbah teria sido aniquilado pelos mongóis de Gengis-Khan sendo que alguns poucos sobreviventes migraram para o ocidente e deram continuidade aos preceitos da extinta ordem. Outra hipótese refere-se à ordem conhecida por Illuminati da Baviera. Fundado no primeiro dia de maio do ano de 1776 por Adam Weishaupt e Adolph Von Knigge, na região da Baviera, Alemanha, o grupo reuniu pensadores e intelectuais e, dentre seus membros, encontravam-se personalidades influentes da arte e da política. Inicialmente, auto-intitulados de Ancient and Illuminated Seers of Bavária – AISB (Antigos e Iluminados Profetas da Baviera) e posteriormente conhecidos apenas por Illuminati ou Illuminati Bávaros, o grupo aparentemente não tinha propósitos ocultistas, mas essencialmente iluministas (apesar de serem considerados gnósticos). No entanto, pode-se dizer que constituía-se como uma "sociedade secreta" pois sua organização, estrutura e quadro de membros não era totalmente revelada. Havia uma espécie de recrutamento ou convite velado à maçons e ex-maçons a fim de compor a ordem, e uma hierarquia distinta em escalas na qual cada membro comprometia-se em obediência ao superior. A ordem propagou-se em vários países europeus e estima-se ter atingido um número próximo a 2000 membros. Entretanto, devido ao rigor do governo bávaro em relação à manifestações não religiosas, ainda mais às supostas sociedades secretas, a ordem perdeu força e diluiu-se em pouco tempo, sendo encerrada em 1788. Em outra perspectiva, a Ordem dos Illuminati Bávaros seria apenas um resgate da ordem de Isabbah promovido por Weishaupt; sendo que o próprio Weishaupt seria um estudante de ocultismo. Conspiração Secular De qualquer forma, uma grande parte da fama conspiratória adquirida pelos Illuminati ganhou seus primeiros contornos nos anos seguintes, entre o final do século XVIII e início do século XIX. Neste período, seus opositores iniciaram uma "campanha" na qual tentava desvirtuar os propósitos primitivos atribuindo-lhe um caráter revolucionário e conspiratório. De um modo geral, a tese dos opositores afirmava que havia um plano sendo articulado no sentido de infiltrar membros da ordem Illuminati nos mais elevados postos do poder político e econômico mundial.

O livro Memórias Ilustrativas da História do Jacobinismo, de Augustin Barruél, de 1797, abordava um sistema conspiratório entre Templários, Rosacruzes, Jacobinos e Illuminati, chegando a atribuir à ordem uma participação intelectual significativa na Revolução Francesa em 1789. No ano seguinte, o professor escocês John Robinson publicou Provas de uma conspiração contra todas as religiões e governos da Europa, no qual atribuía aos Illuminati a mecanização de um movimento com o objetivo de anular o poder das religiões e instituir um sistema de governo único sobre todas as nações. Posteriormente, esta obra recebeu o acréscimo de citações do livro de Barruél. Outras sociedades como Skull and Bones (fundada em 1832 nos Estados Unidos) seriam derivadas da Illuminati. O estadista americano Thomas Jefferson (presidente dos EUA no início do século XIX) foi uma das poucas vozes que destoaram da campanha negativa em relação à Illuminati. Jefferson afirmava que a ordem pretendia introduzir valores morais na sociedade e relacionou seu caráter secreto a uma necessidade devido às imposições religiosas e governamentais da época. Conspiração Contemporânea Atualmente, há a idéia de que a ordem não foi extinta no fim do século XVIII; apenas ocultou-se socialmente e ainda influencia as diretrizes que conduzem as maiores potências mundiais. René Chandelle, autor de Os Illuminati e a Grande Conspiração Mundial, afirma que a ordem nunca se extinguiu e está promovendo o início da Terceira Guerra Mundial através dos conflitos religiosos entre os povos árabes. A mesma obra afirma que os Illuminati têm cinco objetivos principais: erradicar todos os governos de modo que haja apenas uma autoridade mundial (a própria Ordem Illuminati); o fim das propriedades pessoais, para que todos os bens sejam de propriedade do estado Illuminati; eliminar o conceito de nações e patriotismo, para que todos os países sejam componentes de um único império presidido pela Ordem; fim do conceito cristão de famílias, sendo que o amor e o desejo de união sejam mais significativos do que as imposições religiosas; o fim das religiões, para que estas não influam no pensamento e comportamento humano, apenas os ideais Illuminati prevaleçam. Sob este ponto de vista, os Estados Unidos teriam se fundamentado política e economicamente sobre os supostos ideais nefastos da Illuminati. Uma possível referência seria a simbologia ocultista da pirâmide encabeçada pelo "olho que tudo vê" e a frase "Novus Ordo Seclorum" (Nova Ordem Secular) a um hipotético lema instituído pela ordem. Ainda, as divisões da bandeira americana (listas horizontais) são equivalentes às divisões da pirâmide impressa. O próprio grande-selo, símbolo do estado americano, traria em si diversas referências enigmáticas aos Illuminati e à Maçonaria: a águia central, a quantidade de penas em suas asas, número de flechas e estrelas e a inscrição latina seriam indícios da influência de sociedades secretas (como a Ordem Illuminati) na fundação e na condução política e econômica de toda a história dos Estados Unidos. Ainda, fatos históricos como o assassinato de John Kennedy e o acidente fatal de Lady Diana teriam sido manipulados e executados por membros da Illuminati. O RPG de Steve Jackson intitulado INWO (Illuminati – New World Order ou Illuminati – Nova Ordem Mundial), lançado em 1995, faz alusões a acontecimentos futuros na história da humanidade, incluindo duas cartas que representam claramente os atentados de 11 de Setembro de 2001. No entanto, isto não significa que o autor seja um membro da Ordem, mas, ao menos, tinha conhecimento de seus planos. No Brasil, os Illuminati teriam seus tentáculos inseridos através do grupo intitulado Os Aquisitores. Este grupo teria sido responsável pela renúncia do Jânio Quadros, na instauração do Regime Militar em meados da década de 60 e em outros diversos acontecimentos políticos como mortes misteriosas de homens influentes até a recente eleição presidencial. Iluminados na Cultura A Ordem Illuminati é freqüentemente retratada na cultura popular, incluindo cinema, música, literatura, jogos eletrônicos e de tabuleiro. Uma de suas mais recentes e célebres referências encontra-se no livro Anjos e Demônios do escritor americano Dan Brown. Nesta obra, o autor cita a Illuminati como uma ordem secreta que, em uma trama envolvendo poder político, religião e conspiração, busca uma vingança histórica contra a igreja Católica. Outra referência literária é O Pêndulo de Foucault de Humberto Eco, no qual o autor cita várias ordens secretas, incluindo a própria Illuminati
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Crenças e Doutrinas_Em destaque a marçonaria

Origem

Especula-se que a Maçonaria teria nascido do trabalho dos construtores de catedrais medievais, que organizavam-se criando sua própria sociedade, a então Maçonaria Operativa. Estes pedreiros deslocavam-se continuamente de canteiros em canteiros (lodges), livres da autoridade das corporações, da nobreza e da Igreja, e sem compromisso de pagarem impostos. Por isto, o nome de Pedreiros Livres (freemasons ou franc-maçon), cuja importância se desenvolveu do século XII ao XIV. Com o Renascimento, o Protestantismo opõe-se à Igreja Católica, abalando Roma e provocando uma ruptura dentro do Mundo Cristão. Galileu, baseando suas idéias na ciência e na matemática, abriu aos pesquisadores de sua época um novo mundo e provou que o Universo era infinito. A Ciência progrediu rapidamente e uma divisão foi estabelecida entre o dogma da religião e o mundo de razão. No fim do século XVII, surgiu a idéia de um deísmo que, pouco a pouco, conduziu à noção de um Criador, como "Grande Arquiteto", criando um mundo de acordo com regras imutáveis. Maçonaria Especulativa (Maçonaria Moderna) Possivelmente, a Moderna Maçonaria tenha se originado na Escócia para onde foram, segundo algumas lendas, diversos membros templários, fugindo da Inquisição da Igreja Católica. Eles teriam se associado à Guildas Maçônicas passando a estas, vários de seus conhecimentos filosóficos e esotéricos. O próprio Robert de Bruce, o rei que libertou a Escócia da dominação inglesa, pertencia à sociedade maçônica. Como se vê, a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa (forma como esta organização apresenta-se hoje) dá-se de forma imperceptível. As Lojas de Maçons Operativos foram progressivamente recebendo membros que não pertenciam ao ofício da construção (membros da nobreza, burguesia e clero), que eram chamados de "Maçons Aceitos", e que podiam participar de suas discussões após serem iniciados. No início do século XVIII aparece a franco-maçonaria moderna, com orientação interna baseada no Livro das Constituições publicado em 1723 por James Anderson, que exerceu influência internacional no pensamento das sociedades modernas, difundindo-se principalmente, nos países anglo-saxônicos. A evolução da Maçonaria Especulativa é marcada, então, por uma secularização característica contendo, de acordo com a ideologia das Constituições de Anderson, um fundamento no qual todos os homens parecem concordar: o deísmo, que é uma forma de religião natural, livre de todo dogma e que busca a felicidade em qualquer lugar. Outro fato importante que influencia a maçonaria no século XVIII, é a tendência à universalidade que se manifesta por uma abertura muito próxima aos pensamentos dos Iluministas, caracterizados pelo respeito à tolerância e à fraternidade. A Revolução consagrou este estado de espírito, manifestado por muitos maçons, com a defesa dos Direitos Humanos e do Cidadão, a luta incansável contra toda forma de escravidão, e a rejeição de todo o dogmatismo. A maçonaria teve influência decisiva em grandes acontecimentos mundiais, tais como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos. Maçonaria - Características Gerais A Maçonaria trata-se de uma associação semi-secreta, difundida no mundo todo, que adota os princípios de fraternidade e da filantropia entre seus membros. Ela é considerada semi-secreta devido ao conhecimento mundial de sua existência, embora muitos aspectos permaneçam ocultos aos não membros de sua sociedade. No cotidiano os maçons se comunicam através de sinais secretos, senhas e cumprimentos especiais. Ela é composta de homens que se iniciam através de rituais, incluindo juramentos de fidelidade e uma série de simbolismos, onde a moral, a fraternidade e a retidão são representadas pelo livro sagrado, pelo compasso e pelo quadrado.

Os Maçons são divididos e organizados em Lojas. Existem as Grandes Lojas (normalmente distribuídas por Estados) que são responsáveis pela jurisdição das menores Lojas (também chamadas de Lojas Simbólicas, distribuídas por cidades, ou em alguns casos, bairros ou comunidades). Em suma, Loja Maçônica, é o lugar ou a reunião em que se congregam os Maçons para um trabalho específico.

Para ser um maçom, o indivíduo não precisa ser de uma específica religião, raça ou segmento social. Ele precisa apenas acreditar em um ser único e supremo, do qual os Maçons chamam de "Grande Arquiteto do Universo", ou simplesmente Deus. Além disso, é preciso ser de boa índole e caráter, adorador da ordem e da justiça, em outras palavras, ser um cidadão exemplar. Um Maçom indicará o possível integrante, para seu Mestre. Esse novo integrante será investigado minuciosamente para que não haja dúvida de que é um homem íntegro. O Mestre irá analisar o pedido de ingresso, juntamente com os outros Maçons da Loja, que farão uma votação para decidirem se o novo integrante será aceito na Ordem. Após ter ingressado na sociedade, qualquer deslize moral ou das regras impostas que o integrante venha a cometer, será extinguido e o Maçom que o indicou poderá ser punido. Todo Maçom deve seguir a doutrina histórica, também chamada de Landmarks (Veja o Texto Complementar Landmarks).

Antes de 1893 a filiação maçônica só era facultada aos adultos do sexo masculino. Naquele ano uma Loja da França procedeu à admissão de uma mulher em seus quadros, episódio que deu origem a Lojas Maçônicas mistas, que se reuniram e formaram a ordem mista internacional "O Direito Humano". Posteriormente outras Lojas mistas foram surgindo e hoje existe até mesmo Potência Maçônica Feminina. Mas atualmente, ainda há restrição para o sexo feminino ingressar na Maçonaria. Para saber mais, veja a matéria Grão-mestres de saia da revista Isto É.

O aprendizado maçom está dividido por etapas. Cada etapa é desenvolvida numa Câmara própria, com seus respectivos graus. A Maçonaria universal compreende basicamente os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre que são das Lojas Simbólicas (1º ao 3º grau). Além dela existem: Lojas de Perfeição (do 4º ao 14º grau), Capítulos (do 15º ao 18º grau), Conselhos de Kadosch (do 19º ao 30º grau), Consistórios (31º e 32º graus) e Supremo Conselho (33º grau). Para maiores desejos.

Os ensinamentos maçônicos são ministrados através de rituais que, contém princípios de todas as "Artes Iniciáticas", como o hermetismo, a cabala, o simbolismo, além dos conceitos tradicionais sobre as cores, os números e as lendas antigas. Nos ritos maçônicos fundem-se o simbolismo das Iniciações primitivas, os ensinamentos Rosa-Cruzes dos antigos filósofos, do pitagorismo, dos templários, do judaísmo, do cristianismo, etc., daí a sua riqueza fora do comum, se comparada a outras instituições fraternas. Há séculos, a Maçonaria sofre um certo preconceito, principalmente de algumas religiões. Isso se deve à idéia de associação misteriosa e secreta que a Maçonaria passa para os leigos. Desse modo, já foi associada à seitas satânicas, práticas macabras e até mesmo à grandes conspirações. Segundos os próprios maçons, o objetivo da Maçonaria é fazer com que seus adeptos, sejam homens que busquem a evolução espiritual e intelectual, contribuindo com a humanidade, e ajudando seus semelhantes a também evoluírem em suas vidas. Mas para muitos, a Maçonaria continua sendo uma incógnita, assim como seus verdadeiros intuitos; transformando-se deste modo, num alvo de grande curiosidade, que continuará alimentando a imaginação das pessoas através dos séculos.

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Crenças e Doutrinas_Em destaque o luciferalismo

O Luciferianismo é uma doutrina derivada do Satanismo, que busca virtudes como iluminação, sabedoria, orgulho, independência e liberdade de sua principal divindade, Lúcifer. Ao mesmo tempo é subjetivo, baseado em experiências e aceitação pessoais, sofrendo influências de outras crenças. Assim, não possui uma base rígida de dogmas a serem seguidos, sendo transmitido oralmente e praticado, geralmente, de forma individual. Historicamente, não há uma origem precisa sobre o início do Luciferianismo. Mas há um conjunto de conceitos que se desenvolveu ao longo dos tempos em várias culturas distintas e resultou no Luciferianismo conhecido atualmente. As serpentes e os dragões, que são representações de Lúcifer em várias culturas, são também símbolo de sabedoria e eternidade. Estes animais eram alvos de adoração no Egito, Babilônia, Pérsia, e entre os Incas americanos. Assim, podemos supor que esta filosofia já era praticada há muitos séculos. Na Bíblia podemos encontrar várias alusões à serpente: "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gênesis – Cap. III – Versículo V). Neste versículo, a serpente induz Eva a comer o fruto no Éden. Mas segundo a interpretação dos luciferianistas, encontra-se claramente a simbologia da serpente como portadora da chave que possibilita o homem tornar-se Deus. Ainda, na Europa medieval, precisamente no ano de 1223, havia boatos sobre um grupo conhecido como Luciferianos. Na verdade, esta "seita" era composta apenas por pessoas que recusavam-se a pagar os impostos exigidos pelo Clero, e por esse motivo foram acusados de "adoradores do demônio" e, obviamente, vítimas da Santa Inquisição. Embora isso seja apenas um boato, ainda hoje é usado como um argumento metafórico pelos luciferianos.

Deístas e Agnósticos

Num aspecto geral, o Luciferianismo pode ser subdividido em duas categorias, nas quais as denominações variam e não são tão significativas para sua compreensão. As modalidades são conhecidas como Deísta e Agnóstico, Tradicional ou Moderno (termos absorvidos do Satanismo), etc. Os adeptos do Luciferianismo Deísta identificam Lúcifer como o criador do universo, um ser onipresente e onipotente. Neste caso, Lúcifer assume as características principais de uma divindade. Os luciferianos agnósticos vêem Lúcifer como um arquétipo, ou seja, uma referência de virtudes que são visadas por seus adeptos. Esta variação é nitidamente influenciada pelo Satanismo moderno promovido por Anton LaVey, no qual não há uma divindade específica, mas cada indivíduo eleva-se a ponto de considerar-se "seu próprio Deus". Este conceito também nos remete a ideologia do Thelema, tendo como seu principal divulgador o ocultista, Aleister Crowley. Mas em todas as variações, Lúcifer é visto como um ser que abriga em si os opostos entre Luz e Trevas, e por conseqüência, o equilíbrio entre os pólos. Este conceito é totalmente contrário a muitas religiões que possuem figuras que representam os arquétipos de bem e mal de forma distintas. A aceitação de uma única referência que é paralelamente Luz e Trevas, segundo os adeptos, é a principal diferença do Luciferianismo em relação aos outros sistemas religiosos. Dessa forma, não há um confronto entre "Deus x Diabo"; ao contrário, há uma união dessas forças que são igualmente responsáveis e necessárias para a evolução humana. Quem é Lúcifer? Desde a Antiguidade, passando pelos filósofos e desembocando na figura conhecida erroneamente como o "demônio cristão", diversos personagens da mitologia e divindades cultuadas em inúmeras e distantes culturas, possuem alusões a seres, sejam arquétipos ou concretos, que trazem consigo as características conhecidas em Lúcifer. A literatura contemporânea também o aborda amplamente, como as citações ocultistas de Helena Blavatsky e Eliphas Levi, e na obra poética de John Milton, Paradise Lost. Segundo o mito cristão, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de todos os Querubins e conquistou uma posição de destaque entre os demais. Porém, Lúcifer tornou-se orgulhoso de seu poder e revoltou-se contra Deus. O Arcanjo Miguel liderou as hostes divinas na luta contra Lúcifer e os anjos o derrotaram e o expulsaram do Reino do Céu. Mas a idéia de que Lúcifer rebelou-se contra o Criador e foi expulso também está presente em outras culturas, além do Cristianismo.

Por ser o "Portador da Luz", na Roma Antiga, Lúcifer foi associado ao planeta Vênus que, devido sua proximidade com o Sol, pode ser visto ao amanhecer. O anjo também é chamado de "Estrela da Manhã" e "Estrela d’Alva". Na Mitologia Romana era o filho de Astraeus e Aurora, ou de Cephalus e Aurora. Entre os gregos, Lúcifer pode ser associado com Apolo, o "Deus do Sol". Nos estudos da Demonologia, diferentes autores atribuem a Lúcifer características comuns. No Dictionaire Infernale (1863) e no Grimorium Verum (1517), é o "Rei do Inferno" responsável por assegurar a justiça. No O Grimório do Papa Honório (século XVI ou XVII), Lúcifer também assume a função de "Imperador Infernal". Lúcifer também é cultuado numa variação da Wicca, sendo visto como o Deus do Sol e da Lua dos antigos romanos. Luciferianismo & Satanismo Apesar de popularmente Lúcifer e Satã serem quase sinônimos e esta idéia estender-se ao Satanismo e ao Luciferianismo, há diferenças primordiais entre eles e, por conseqüência, aos sistemas religiosos que os cercam. Ao longo dos séculos, estes dois personagens também foram representados artisticamente de formas distintas. Por ser um anjo, Lúcifer, é comumente retratado como um homem com asas e, por vezes, empunhando um cajado. Enquanto Satã tem sua imagem associada ao homem com chifres e patas de cabra, muito semelhante ao deus Cornífero (ou Pã), divindade masculina e símbolo de fertilidade cultuada entre os pagãos.

Mas, talvez a maior e mais significativa diferença entre ambos os conceitos, encontra-se na origem das palavras. O termo Lúcifer origina-se no latim e significa "O portador da Luz" (Lux ou Lucis = Luz + Ferre = Carregar). A palavra Satã origina-se no hebraico, Shai'tan, e significa "Adversário"; podendo ser também uma variação do nome da divindade egípcia Set-hen. Dessa forma podemos deduzir que, genericamente, o Luciferianismo busca a Iluminação através de Lúcifer. Enquanto o Satanismo pode caracterizar-se pela oposição, neste caso, ao cristianismo. Assim, os luciferianos consideram que sua filosofia é um "aprimoramento" do Satanismo, apesar de não ser tão conhecido quanto a doutrina promovida por LaVey. A combinação da imagem de Lúcifer ao "demônio cristão" foi ocasionada por uma interpretação equivocada do livro de Isaías: "Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo" (Isaías – Cap. XIV – Versículo XII a XV). Este trecho narra as intenções do rei da Babilônia que almejava tornar-se maior que Deus, mas São Jerônimo, que ao traduzir a Bíblia do grego para o latim no século IV, associou esta passagem com Lúcifer e à serpente tentadora, ou seja, a simbologia do diabo cristão. Anteriormente, Lúcifer não havia essa relação. Tanto que, oficialmente, a Igreja não atribui a Lúcifer o papel de diabo, mas apenas a condição de "anjo caído".

Magia, rituais e pactos luciferianos O Luciferianismo adotou diversas práticas ritualísticas e cerimoniais de outros sistemas mágicos, caracterizando assim, uma corrente de idéias próprias com objetivos distintos nesta doutrina. As influências sobre o Luciferianismo variam de antigos rituais pagãos até os conceitos contemporâneos do Satanismo. Podemos citar como exemplos as chamadas práticas Internas e as práticas Externas, que subdividem-se em Herméticas e Cerimoniais. A Magia(k) (termo derivado da filosofia thelêmica) Interna é mais comum entre os luciferianistas, pois atua diretamente no estado de consciência e no espírito do praticante. A Magia(k) Externa é mais complexa e elaborada, exigindo uma série de fatores como dia e horários pré-estabelecidos, um local adequado, vestimentas e instrumentos próprios para efetuar mudanças no plano físico. Neste caso, pode ser praticada solitariamente (Hermética) ou em grupo (Cerimonial). Mas ambas são igualmente importantes entre os luciferianistas, e o sucesso de uma modalidade interfere na outra. É falso o conceito das chamadas Missas Negras, as quais seriam paródias blasfêmicas das liturgias católicas, utilizando-se de urina e fezes para substituir a hóstia e o vinho, recitando orações ao contrário e promovendo orgias entre os praticantes. Também é irreal a idéia de sacrifício humano ou animal. Neste caso, há apenas um sacrifício simbólico. Há ainda o conceito do "pacto com o diabo" (muito comum na crendice popular), no qual o praticante "vende a alma pro diabo" em troca de riquezas e sucesso. Sob a ótica luciferianista, o único pacto aceitável é o compromisso consigo próprio de buscar a iluminação espiritual utilizando-se da força da própria vontade.

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Crenças e doutrinas_Em destaque o Satanismo

O termo Satanismo sugere várias interpretações. Desde a Idade Média, é usado para designar as crenças do período pré-Cristão ou as religiões não cristãs, como a Wicca. Há ainda conotações contemporâneas associando o satanismo a uma filosofia, adoração ao Diabo etc. Fundamentalmente, o Satanismo é um estilo de vida de aplicação prática. Sua essência baseia-se na idéia de que cada ser humano, em sua individualidade, é uma divindade; capaz de alcançar altos níveis de evolução, desde que não esteja preso a nenhum dogma religioso que subtraia seus reais valores primitivos. Portanto, cada indivíduo tem a liberdade espiritual e filosófica de criar e desenvolver seus critérios, sendo ele seu próprio sacerdote, salvador e deus. Neste caso, o Satanismo não está associado à adoração ao Demônio ou oposição ao Cristianismo. Alguns tipos de Satanismo

Luciferanismo

O Luciferanismo pode ser considerado uma derivação da filosofia empregada no Satanismo. Seus seguidores não cultuam Lúcifer (Lúcifer é visto como um Anjo, e não como a personificação do mal no cristianismo), mas o vêem como uma referência para alcançar a Iluminação Espiritual. Sendo que a origem de seu nome significa Portador da Luz.

Satanismo Gótico

Neste caso, o termo Gótico é sinônimo de Medieval. Esta variação faz parte apenas das lendas criadas na Idade Média pela Igreja Católica para atemorizar os cristãos e servir de acusação nos processos inquisitórios. O caso das Bruxas de Salém em 1692, é um exemplo. Nesta variação lendária do Satanismo, seus adeptos sacrificavam crianças e animais em rituais de magia destrutiva.

Dabblers Satânicos

Está principalmente associada aos modismos adolescentes. Seus adeptos ensaiam rituais esporádicos de magia utilizando-se do sacrifício de pequenos animais. É essencialmente uma forma de anticristianismo, onde os Dabblers (aficionados) adoram o demônio conhecido no cristianismo e se camuflam sob uma condição que julgam satânica. Igualmente chamado de Devil Worshippers (Adoradores do Demônio), também está associado a delinqüentes que alegam cometer os crimes motivados por Satã.

Satanismo Religioso

É a forma mais difundida de Satanismo. Possui dogmas e a bíblia satânica. Também abriga aspectos místicos e cerimoniais, como batizado e casamento, que o caracterizam como uma religião. Porém, não há uma divindade cultuada nem conceitos sobre céu e inferno, bem e mal ou deus e diabo. A Church of Satan e o Temple of Set são exemplos do satanismo religioso.

Anton LaVey e a Igreja de Satã

Anton Szandor LaVey nasceu na cidade de Chicago, em 11 de abril de 1930. Esta é uma das poucas informações coerentes sobre sua vida. De resto, há um grande conflito em sua biografia. LaVey teria recebido ensinamentos ocultistas de sua avó cigana. Ainda teria viajado para a Alemanha ao lado de um tio, e trabalhado em circos, cabarés e até mesmo na Polícia de San Francisco. LaVey também teria vivido romances com as atrizes Marilyn Monroe e Jayne Mansfield.

Em 30 de abril de 1966, foi fundada a Igreja de Satã (Church of Satan) por Anton LaVey. Apesar de já haver grupos como o Hell Fire Club e o Abbey of Thelema, que cultivavam uma linha semelhante, a Igreja de Satã foi a primeira organização reconhecida como religião dedicada às filosofias satânicas, e considerada a precursora do satanismo moderno. É provável que o nome Church of Satan tenha sido adotado como uma forma de causar um impacto polêmico e chamar a atenção da imprensa. As "Missas Satânicas", que eram paródias das missas cristãs, possivelmente foram criadas com o mesmo objetivo. Portanto, seriam apenas recursos publicitários empregados por LaVey.

Assim, a Igreja de Satã recebeu uma atenção muito grande por parte da sociedade e da imprensa americana, logo atingindo uma notoriedade mundial. LaVey passou a ser considerado o Papa Negro e sua esposa Diane Hegarty, foi nomeada Suma Sacerdotisa.

Em 1º de fevereiro de 1967, ocorreu em San Francisco a cerimônia de casamento entre John Raymond, jornalista político, com Judith Case, filha de um conhecido advogado de Nova York. Apesar de não ser o primeiro casamento satânico realizado por Anton LaVey, a fama de John e Judith serem de famílias abastadas, despertou grande interesse e a cerimônia tornou-se um evento amplamente coberto pela imprensa.

Em maio do mesmo ano, LaVey conduziu o batismo de sua filha de três anos, Zeena. Foi o primeiro batismo satânico da história. Zeena vestia um manto vermelho e usava um medalhão com a imagem de Baphomet, enquanto seu pai recitava uma invocação que futuramente foi incluída no livro Satanic Rituals.

Em 1969, a Igreja já contava com 10 mil adeptos em todo o mundo. Anton LaVey publicou The Satanic Bible, que se tornaria a principal referência do Satanismo. Ainda seguiram-se The Compleat Witch em 1970 (posteriormente revisto e editado como The Satanic Witch) e em 1972, The Satanic Rituals.

A Igreja desenvolvia sua estrutura e hierarquia nas décadas de 70 e 80. Em 1984, Anton LaVey separa-se de Diane e sua filha Zeena ocupa a posição de Suma Sacerdotisa. Nesse período, as Missas Negras e outras cerimônias deixam de ser realizadas devido a intolerância de grupos cristãos. Anton LaVey passa a administrá-la apenas através do Boletim Oficial The Cloven Hoof. Em 1988, este informativo foi extinto e algumas publicações independentes tornaram-se a forma de interagir os adeptos em diversas partes do mundo. Ainda houve um grupo que se desligou da Igreja e formou o Temple of Set (relativo à divindade egípcia Set). Anton LaVey faleceu em outubro de 1997 devido a um edema pulmonar. Atualmente, a Igreja é presidida por Peter Gilmore.

Baphomet, Pentagrama e a Cruz Invertida

Em meio às diversas polêmicas que compõem o tema do satanismo, alguns pontos não ficam totalmente esclarecidos. Por exemplo, a representação de uma cabra com corpo humano encontrada nos cultos do satanismo religioso é denominada Baphomet, que já era conhecida desde os tempos pré-cristãos. Portanto, não possui nenhuma relação com o demônio conhecido no cristianismo. Para os satanistas, Baphomet é uma energia da natureza que os motiva a conseguir seus objetivos. Neste caso, a cabra com corpo humano e asas simboliza força, fertilidade e liberdade, características muito valorizadas pelos povos pagãos. O pentagrama é um símbolo encontrado originalmente nas culturas pré-cristãs com diversos significados. No caso do satanismo religioso, é utilizado com duas pontas voltadas para cima, simbolizando a face de Baphomet. A origem da cruz invertida nos remete a São Pedro, que não se julgava digno de morrer como Jesus e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo. Este símbolo é encontrado na Basílica do Vaticano, no trono ocupado pelo Papa, etc. Porém, a Cruz invertida também foi adotada por grupos que se intitulam satanistas ou anticristãos.

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Crenças e doutrinas_Em destaque a Doutrina Thelema

A Filosofia

A palavra Thelema (pronuncia-se Télema) tem origem grega e significa Vontade ou Intenção. Mas este termo é associado a uma doutrina registrada pela primeira vez na literatura no século XVI. No ano de 1532, François Rabelais cita em sua aventura épica Gargantua e Pantagruel, a fundação de uma abadia de Thelema. Segundo o autor, uma doutrina que se chocava com os ideais católicos da época. A proposta do Thelema está baseada essencialmente na liberdade e individualidade humana; ou seja, o cultivo e satisfação plena das próprias vontades. Estas bases ficam evidentes nos principais conceitos que regem: "Faça o que tu queres, pois há de ser tudo da lei"; "Todo homem e toda mulher é uma estrela"; "Tu não tens o direito, se não fazer a tua vontade..." Para os adeptos, estes princípios sintetizam a doutrina. No Thelema toda ação individual é válida, pois é necessária a evolução. Porém, é importante que cada indivíduo descubra-se interiormente pela própria espiritualidade e una-se ao seu Ego através do amor. Desta forma descubra a Vontade Verdadeira que existe em si, e que é a motivação real da existência. A busca e o exercício da Vontade Verdadeira é a ação que move o ser em direção a iluminação. Por ser única, esta Vontade não colide com a Vontade alheia. "O Amor é a Lei sob a Vontade..." Portanto, cada ser da criação é único e especial; possui vontades e necessidades únicas que devem ser supridas. Por estar fixado em conceitos pessoais, o Thelema pode variar muito em sua interpretação entre os adeptos; já que a vontade individual é o principal mecanismo de busca da auto-satisfação. Por esse motivo não é considerado uma religião, já que não existe uma divindade central específica; pode abrigar vários tipos de crenças e funcionar como um complemento da religiosidade, de acordo com a vontade do indivíduo. Porém, em seu desenvolvimento ao longo dos anos, o Thelema tornou-se um sistema mágico com características próprias; agregando em si correntes como a Draconiana, Tifoniana e Ofidioniana. Também influenciou outros sistemas como a Magia Ritual, Magia Sexual e as Artes Divinatórias.

A doutrina foi citada por vários pensadores e estudiosos em inúmeras publicações no decorrer dos séculos. Mas se expandiu apenas por volta de 1938, quando o inglês Aleister Crowley publicou o Liber Al vel Legis. Atualmente, o Thelema é visto com uma certa hostilidade por aqueles que o conhecem superficialmente. O nome de Crowley está muito associado a esta doutrina, e os mitos que cercaram sua vida prestam uma imagem negativa a esta doutrina. Além disso, a noção libertária dos conceitos thelêmicos pode transmitir um falso aspecto egoísta, onde valoriza-se exageradamente a própria vontade e menospreza-se o altruísmo. Na verdade "O Amor é a Lei sob a Vontade", e "Todo homem e toda mulher é uma estrela..." Aqui fica evidente que o Amor se sobrepõe aos outros valores, e a individualidade humana é divinizada, respeitada por que cada um é uma estrela. Crowley: Breve Biografia Edward Alexander Crowley nasceu em 12 de Outubro de 1875, em Leamington, Inglaterra. Recebeu de seus pais uma rígida educação cristã, da qual hostilizava desde a infância. Freqüentou o Trinity College da Universidade de Cambridge e formou-se em química. Crowley conheceu George Cecil Jones, membro do Amanhecer Dourado: uma sociedade secreta que transmitia ensinamentos relativos à astrologia, magia, cabala, alquimia e outros temas herméticos. Assim, aos 23 anos foi iniciado nesta sociedade e rapidamente elevou-se em sua hierarquia. Numa viagem ao Egito em 1904, Crowley e sua esposa vivenciaram as experiências que resultariam no livro da filosofia thelêmica, o Liber Al vel Legis. Após a morte de sua filha em 1906, Crowley reuniu-se novamente com Cecil Jones e criou a Astrum Argentium: uma ordem iniciática que dava continuidade ao já extinto Amanhecer Dourado. Aqui foram implantados e difundidos os primeiros conceitos do Thelema. Nos anos seguintes, Crowley dedica-se aos estudos, escreve e publica vários livros de cunho poético-místico. Em 1909, Crowley e Rose Kelly se separam. No ano seguinte, o inglês é convidado por Theodore Reuss e ingressa na Ordo Templi Orientis (O.T.O): uma ordem alemã composta dos mais elevados Maçons. Assim, teve a oportunidade de desenvolver a filosofia thelêmica na O.T.O, que posteriormente se desligaria totalmente da Maçonaria. Em 1910 escreve o Liber CCCXXXIII, que seria publicado em 1913 e maldosamente classificado como o Livro das Mentiras. Nos anos posteriores, prossegue escrevendo e publicando várias obras relacionadas ao ocultismo. Em Abril de 1920, Crowley funda a Abadia de Thelema, na Sicília, Itália. Ordem que seria extinta em três anos, quando Mussolini o expulsaria do país. A publicação de Confessions of Aleister Crowley em 1930, proporcionou ao autor a oportunidade de conhecer pessoalmente o poeta lusitano Fernando Pessoa, que também era astrólogo. Pessoa enviou uma carta a Crowley avisando-o que seu mapa astral estava incorreto. O inglês respondeu e manifestou sua vontade de conhecer o poeta. Assim, o encontro deu-se no porto de Lisboa. Nos anos seguintes, suas publicações mais significativas foram o Liber Al vel Legis, em 1938, e em 1942 o Liber OZ: manifesto dos direitos e deveres do homem; muito semelhante ao que ainda seria criado pela ONU.

Crowley passou grande parte de sua vida viajando, escrevendo e estudando diversas culturas ocultistas, bancado pela herança de sua família e doações de amigos e discípulos. Demonstrava um ávido desejo de sabedoria. Foi intelectualmente privilegiado, destacando-se desde a infância, quando lia a bíblia em voz alta e era prodígio nas disciplinas escolares, até os elevados graus que alcançou nas sociedades secretas que participou em todo o planeta. Vários de seus discípulos deram continuidade ao seu legado, criando ordens ao redor do mundo e estabelecendo um novo rumo dos pensadores contemporâneos, influenciando de forma significativa o universo ocultista e artístico desta época. No Brasil, Raul Seixas e Paulo Coelho são frutos diretos do legado de Crowley. Entre outras, as músicas A Lei e Sociedade Alternativa (de autoria de ambos), não apenas mencionam, mas dissertam sobre os conceitos do mago inglês. Edward A. Crowley incorporou vários pseudônimos criados por ele mesmo (incluindo Aleister, Mega Therion, 666, A Besta...), ou atribuídos pela imprensa, como: O Homem mais perverso do mundo. Teve uma vida polêmica que se opôs aos conceitos puritanos e retrógrados de sua sociedade. Morreu pobre e doente aos 72 anos, no dia 1º de dezembro de 1947 em Hastings, Inglaterra, vítima de bronquite e complicações cardíacas.

Liber Al vel Legis Em Abril de 1904, Crowley e sua esposa Rose Kelly viajaram para o Egito. Neste período, Rose passou a entrar em transe repentinamente e declarar que a divindade egípcia Horus tentava comunicar-se com Crowley através dela.

Assim, o casal visitou o museu do Cairo e identificou a Estela da Libertação: um painel egípcio da 26º Dinastia onde um sacerdote oferece sacrifício ao deus Horus. Este fato foi uma revelação mística interpretada por Crowley. Dessa forma, ouvindo os ditos de Rose em estado meditativo, que falava em nome da divindade Aiwass, deu início ao trabalho que duraria três dias consecutivos, sempre entre as 12 e 13 horas, e se tornaria o Liber Al vel Legis (Líber Legis ou Livro da Lei), onde Thelema é citado como a palavra de ordem. Durante 34 anos, Crowley estudou o significado do Liber Legis, publicando-o apenas em 1938. Este é o seu primeiro livro de princípios místicos. Possui uma linguagem simples mas interpretativa, onde é necessária muita aplicação para uma compreensão mínima. Além disso, o livro cita em suas entrelinhas algumas profecias e fatos ocorridos na história da humanidade. Segundo o Livro da Lei, os deuses se revezam na condução dos destinos dos planetas por um período de 2000 anos. Cada um de seus três capítulos faz referência a uma era (Aeon) da evolução humana. O primeiro capítulo caracteriza o Aeon de Ísis: regido pelo arquétipo da divindade feminina. Quando o Universo é concebido como alimento direto da deusa. O segundo capítulo está relacionado ao Aeon de Osíris, onde predomina o arquétipo do deus morto e o domínio das religiões patriarcais (talvez uma alusão ao Cristianismo). Neste período que se inicia aproximadamente em 500 a. C., a humanidade sofrerá as revoluções necessárias e inerentes à sua evolução: catástrofes, amor, morte e ressurreição. O terceiro e último capítulo descreve o início do Aeon de Horus, filho de Isis e Osíris. Neste período que é inaugurado em 1904, cada ser se caracterizará como célula única da humanidade, e o desenvolvimento individual será essencial para a iluminação do coletivo. Este é o período do crescimento da criança (humanidade) através de suas próprias experiências. A Lei é a Vontade, que será revelada integralmente, e o Thelema se estabelecerá como a bússola da espiritualidade humana.

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Crenças e doutrinas_Em destaque a religiao wicca

WICCA

Também conhecida por Religião da Deusa e Antiga Religião, a Wicca é uma filosofia de origem pré-cristã baseada no princípio de criação feminino, nos ciclos da natureza, como as fases lunares e as quatro estações, revivendo o culto à Grande Deusa e aos Deuses Antigos. Também inclui várias modalidades de magia e rituais que buscam a harmonização pessoal.

Para seus adeptos, a Wicca é considerada uma religião. Devido a popularidade que atingiu nos últimos anos, várias hipóteses são criadas; desde sua origem até a forma como é praticada atualmente. Portanto, as definições são amplamente maleáveis e a Wicca torna-se um tema relativamente incerto.

O termo Wicca possui provavelmente duas origens. A primeira está ligada a palavra saxônica Witch, que significa dobrar, moldar ou girar. A segunda origem é relativa a raiz germânica da palavra Wit, que significa saber ou sabedoria. Portanto, deduze-se que Wicca pode significar moldar a sabedoria. É neste conceito que reside sua essência: moldar (adaptar e utilizar) o conhecimento universal em próprio benefício, sem prejudicar a ninguém. Porém, a palavra ainda carrega uma conotação negativa e errônea, sendo associada ao satanismo, magia destrutiva e cultos ou seitas opositoras ao cristianismo de um modo geral.

A Wicca e os Celtas

O conceito de Magia Wicca que se conhece atualmente, surgiu com os Celtas no período neolítico; nas regiões da Irlanda, Inglaterra e País de Gales, atingindo posteriormente a Itália e a França. Os Celtas surgiram por volta de 2 mil anos antes de Cristo e provavelmente tiveram origem entre os povos indo-europeus da Ásia. Apesar do povo celta ter se espalhado por terras tão distantes, seus costumes não se fragmentaram. Pois o idioma, a arte e a religião sedimentavam a base cultural.

A raiz filosófica-espiritual dos celtas era baseada no Druidismo, uma religião politeísta que reverenciava duas divindades principais: a Deusa Mãe (chamada de Ceridwen), que representa a criação e a fecundação onde todo o universo se originou; e seu filho, o Deus Cornífero (chamado de Cernunos), o pólo masculino que representa a fertilização. A única forma de alcançar as divindades era mantendo uma estreita relação com a natureza. Até mesmo o calendário era orientado através da natureza. Os celtas realizavam festivais ritualísticos celebrando suas divindades, praticavam a agricultura e a cura através das ervas.

Na organização social Celta, os Druidas eram os sacerdotes, guardiões das tradições, cultura e teologia. A classe sacerdotal era dividida entre homens e mulheres. Mas a cultura era essencialmente matriarcal. A iniciação nos mistérios druídicos durava em média 20 anos e os ensinamentos eram transmitidos oralmente, pois temiam que a palavra escrita pudesse se tornar veículo de Magia incontrolável. Ao se espalhar pela Europa, os celtas levaram suas crenças nativas que se combinaram ao conjunto de crendices local, dando origem ao conceito primitivo da Wicca.

Pagãos & Cristãos

Paganismo é o termo usado para definir as religiões oriundas do período pré-cristão. Assim, as práticas pagãs se desenvolveram durante séculos. Até que em 330 d.C, o cristianismo passou a ser imposto aos povos de todo o mundo. As práticas pagãs foram consideradas heréticas e toda a religiosidade pré-cristã, bem como seus adeptos, tornaram-se alvos da intolerância católica.

A Igreja deturpou a real significação da crença pagã e a propagou como um culto demoníaco. Por exemplo, a imagem do demônio comum entre os cristãos, é um homem com chifres e patas de bode; muito semelhante à imagem do Deus Cornífero. Este é um forte indício de que a Igreja católica transformou a imagem de divindades anteriores ao cristianismo em símbolos maléficos. Assim, o sentido original assumiu um caráter negativista e destrutivo. Infelizmente, esta conotação se fortaleceu ao longo do tempo, e tudo que estivesse relacionado à bruxaria e Wicca, era visto como uma forma de anticristianismo. Este conceito errôneo foi se diluindo recentemente, à medida que estudos sérios e imparciais sobre as culturas pré-cristãs foram sendo divulgados.

Nesse período, certa de 5 milhões de mulheres foram queimadas, acusadas de bruxaria. Com isso a Igreja conseguiu conter o crescente poder que a imagem feminina estava adquirindo ao longo dos séculos, diante da chamada Deusa. Por conseqüência disso, foi gerada essa nossa sociedade masculinizada em quase todos os segmentos. Isso só veio a se alterar nos últimos anos, mesmo assim muito lentamente.

Wicca no Século XX

Um dos primeiros registros da utilização da palavra Wicca no século XX, ocorreu em 1921 quando foi publicado o livro The Witch Cult in Western Europe, da antropóloga Margaret Murray. Nesta obra, a autora relata os cultos pagãos do período pré-cristão que ainda eram cultivados em diversas partes da Europa. Em 1948, Robert Grave publicou The White Goddess. Após três anos, quando a última lei contra as práticas pagãs foi revogada, Gerald Gardner publicou o famoso Witchcraft Today. A consolidação da literatura wiccaniana ocorreu em 1979, com a publicação de Spiral Dance (com o título em português A Dança Cósmica das Feiticeiras) da autora Starhawk. Esta obra se tornou o livro sobre Wicca mais lido em todo o mundo. A partir daí, houve uma explosão de livros e artigos relacionados à práticas e crenças pagãs. Assim, a Wicca ganhou notoriedade na sociedade moderna ocidental, e ficou evidente que a bruxaria havia sido a crença religiosa predominante entre os antigos europeus; havia resistido a supressão e sobrevivido aos tempos modernos.

Atualmente, acredita-se que exista em torno de 12 milhões de neopagãos espalhados por todo o mundo. Sendo 250 mil nos Estados Unidos. Uma parte da população da Islândia é adepta do Asatru; uma variação da Wicca. Vários grupos se organizam e compõem um forte elo de divulgação por diversas partes do planeta. Assim, em todo mundo renasce a crença na Deusa e na Antiga Religião.


Complementos interessantes...

Comece despindo toda sua roupa e prepare-se para seu banho ritualístico, previamente perfumado ou com ervas simbolizando o elemento Água - para purificar seu corpo e espírito de qualquer vibração negativa. Durante o banho, limpe sua mente de todos os pensamentos desagradáveis da vida moderna, e procure meditar, deixar a mente vazia até que se sinta completamente relaxado. Logo em seguida, saia do banho e trace um círculo mágico com mais ou menos um metro e meio de diâmetro, usando um giz ou uma tinta branca. Salpique um pouco de sal - que representa o elemento Terra - sobre o círculo para consagrá-lo e diga:

"Com o sal eu consagro e abençôo este círculo de poder, sob os nomes divinos da Deusa e do seu Consorte, o Deus Cornífero. Abençoado Seja".

Em frente ao círculo coloque duas velas brancas - que simbolizam o elemento Fogo - e coloque também um incensório de Olíbano com um incenso de Mirra - que simboliza o elemento Ar - mantendo os diante de você. Logo após dispor estes elementos, sente-se no meio do círculo procurando estar voltado para o Norte, lembrando que você deve estar só e completamente nu. Caso não sinta-se bem trabalhando sem roupa, procure usar uma veste cerimonial branca. As duas velas servirão para invocação do Deus e da Deusa assim como o incenso. Acenda o incenso que está a sua frente, e logo em seguida acenda uma das Velas brancas e diga:

"Eu te invoco e te chamo, oh Deusa Mãe, criadora da vida e da alma do Universo infinito. Pela chama da vela e pela força do incenso eu te invoco para abençoar este ritual e para garantir a minha admissão na companhia dos teus filhos amados. Oh bela Deusa da vida e do renascimento, que é conhecida como Cerridwen, Astarte, Atenas, Brigida, Diana, Isis, Melusine, Afrodite e por muitos outros nomes divinos, neste círculo consagrado a luz de velas. Eu me comprometo a te honrar, a te amar e a te servir. Enquanto eu viver prometo respeitar e obedecer é tua lei de amor a todos os seres vivos. Prometo nunca revelar os segredos da arte a qualquer homem ou mulher que não pertença ao mesmo caminho; e juro aceitar o conselho wiccaniano de 'Para o bem de todos, faça-se sua vontade.' Oh Deusa - rainha de todas as bruxas - abro meu coração e minha alma para ti. Assim seja."

Acenda a outra vela branca e diga:

"Eu te invoco e te chamo, oh grande Deus Cornífero dos pagãos, senhor das matas verdes e pai de todas as coisas selvagens e livres. Pela chama da vela e pela fumaça do incenso eu te invoco para abençoar este ritual. Oh! Grande Deus Cornífero da morte e de tudo o que vem depois, que é conhecido como Cernunnos, Attis, Pã, Daghda, Fauno, Frey, Odin, Lupercus e por muitos outros nomes, neste círculo consagrado é a luz de velas eu me comprometo a te honrar, a te amar e a te bem servir enquanto eu viver. Oh Grande Deus Cornífero da paz e do amor, abro meu coração e minha alma para ti. Assim seja."

Agora mantenha suas mãos abertas e voltadas para os Céus. Feche seus olhos e visualize dois raios brancos de luz brilhante descendo dos Céus e penetrando nas palmas das suas mãos. Uma sensação morna de formigamento se espalhará pelo seu corpo à medida que o poder do amor da Deusa e o Deus purificam sua alma. Procure não se assustar caso você comece a ouvir uma voz (ou vozes) falando dentro da sua mente, como por telepatia. São a Mãe e o Pai dentro de você, revelando sua presença. Permaneça no círculo mágico até que as velas e o incenso terminem, assim encerra-se o ritual de Auto-iniciação.

Note que nem todos os Wiccans escutam ou percebem as verdadeiras palavras ditas pelas deidades e, neste caso, podem estar suscetíveis a sentir a presença divina do amor da Deusa. Podemos salientar que é muito comum que as deidades pagãs falem com o bruxo auto-iniciado, especialmente se você for sensitivo.

Sempre que possível uma Bruxa deve ter seu Altar, que de certa forma será sua ligação com os deuses. Não precisa ser nada complicado ou luxuoso. Tradicionalmente, ele deve ficar ao Norte, para determinar onde é o Norte, use uma bússola. Uma vela preta é colocada a Oeste simbolizando a Deusa, e uma vela branca a Leste para o Deus. No Altar deve estar o Cálice, o Athame (punhal), o Pentagrama, a Varinha e outros objetos utilizados nos rituais.

Também é comum se colocarem símbolos para os Quatro Elementos, como uma pena para o Ar, uma planta para a Terra, uma vela vermelha ou enxofre para o Fogo e logicamente, Água para esse mesmo Elemento. Muitas pessoas colocam um símbolo para a Deusa e o Deus, como uma concha e um chifre, ou mesmo estátuas e gravuras dos Deuses. Abuse de sua criatividade, pois o Altar é o seu espaço pessoal, onde deve ser colocado todo o seu Amor. Se por algum motivo, você não puder montar um Altar onde você mora, crie um espaço na sua imaginação, pois o verdadeiro Templo está dentro de você, ou vá para a Natureza e faça dela o mais lindo de todos os Santuários.


O Livro das sombras também conhecido por Liber Umbrarium ou Book of Shadows, tem o mesmo objetivo que um diário para uma garota. A diferença é que ele é usado pelos bruxos (as) como meio de registrarem seus feitiços, encantamentos e poções ao longo da vida mágica. Onde anota-se sonhos, visões, e tudo mais que queira registrar Arte.

O nome Livro das Sombras, segundo Ambrosia Knight (uma bruxa americana) vem do caráter oculto do que se escreve nele. É um livro que deve ser mantido longe de olhos curiosos que não pertençam à bruxaria pois nele colocamos uma parte do nosso poder. A origem desse Livro, remonta ao tempo das perseguições. Proibidas de compartilhar oralmente seus conhecimentos, as(os) Bruxas(os) da Idade Média, escreviam seus conhecimentos e feitiços, em um Livro que ficava escondido, por isso o termo "das Sombras", pela menção de que deveria ficar oculto a qualquer preço, sob seu dono ter contra si, provas incontestáveis de Bruxaria.

O Livro é um instrumento muito íntimo. Sendo assim, tradicionalmente não se permite que ninguém fora da Arte toque no seu livro, é permitido que outros bruxos leiam o que você autorizar, ou até mesmo que copiem encantos ou feitiços, mas o livro nunca pode ser emprestado e cada um pode, de diversas formas, descrever suas experiências, o que se torna natural e saudável.

Outro motivo para não deixar que qualquer pessoa leia seu livro, é que ele reflete o seu mundo mágico, o seu mundo da bruxaria, e algumas coisas podem vir a chocar pessoas leigas, que não saibam o significado, ou possa fazer com que você caia em descrédito junto à comunidade ou a seus familiares, perturbando de certa forma sua vida cotidiana.

  • Conhecer a si mesmo
  • Saber sua arte
  • Aprender
  • Usar o que você aprendeu
  • Manter o balanço de todas as coisas
  • Manter suas palavras verdadeiras
  • Manter seus pensamentos verdadeiros
  • Celebrar a vida
  • Alinhar você mesmo com o ciclo da Terra
  • Manter seu corpo correto
  • Exercitar seu corpo e sua mente
  • Meditar
  • Honrar a Deusa e o Deus
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Escultura gotica

A humanização do céu

A escultura gótica surge, numa primeira fase, intimamente associada à arquitetura das catedrais. No exterior do edifício são sobretudo as fachadas, principal e do transepto, nomeadamente os portais, os suportes para a implantação da escultura; à medida que se vão tornando mais complexas, também as empenas, rosáceas, tabernáculos dos arcobotantes e gárgulas das catedrais vão servir de suporte para a decoração das esculturas. Quanto à estrutura do portal, ele é constituído pelo tímpano, arquivoltas, mainel e ombreiras ou jambas, substituídas por estátuas-coluna. No interior o trabalho é bem mais reduzido, e é sobretudo a partir do século XIV que a catedral passa a albergar mobiliário com relevo em talha (cadeirais do coro), estatuária devocional, altares e arcas tumulares. No seu conjunto, a escultura gótica pode ser agrupada em quatro tipologias. Sendo a primeira as estátuas-coluna, aplicada nas ombreiras do portal conferindo uma dimensão vertical ao pórtico, mas que progressivamente se vai autonomi- zando em relação ao seu suporte arquitetônico. O segundo elemento é o relevo escultórico, sobretudo no tímpano do portal. O terceiro, considera-se a escultura de vulto redondo, em especial estatuária de devoção, resultante da evolução das estátuas-coluna. O quarto item da tipologia é a escultura funerária, ou seja, arcas tumulares e estátuas jacentes.

Os temas mais comuns, sobretudo na fachada (portal), são os seguintes: Cristo em Majestade, associado ao Tetramorfo; Juízo Final; Virgem em Majestade, Vida da Virgem e Nascimento de Cristo - um tema introduzido por influência da difusão do culto mariano desde os finais do século XII - Episódios da vida dos santos patronos da respectiva igreja - associados a estes temas começa a ser mais comum a existência de relevos escultóricos e estatuária de caráter profano. Se a estátua-coluna e o relevo têm uma relação de dependência com o respectivo suporte arquitetônico, a partir do século XIV torna-se muito abundante a escultura de vulto redondo, estatuária de devoção associada às práticas da piedade individual e destinada a capelas ou oratórios privados. É sobretudo constituída por imagens da Virgem (Virgem com o Menino, Senhora do Ó ou Santas Mães, Pietà), de santos e crucifixos, e executada em materiais diversos, como a pedra, madeira, marfim, bronze, ouro e alabastro. Em termos de linguagem plástica, e no conjunto de toda a produção escultórica, podem ser definidas três tendências principais: Idealismo (séculos XII-XIII), com figuras estilizadas e ausência de expressividade dos respectivos rostos (serenidade inexpressiva); hieratismo das estátuas-coluna: ausência de movimento, panejamentos rígidos acentuam a verticalidade, ausência de proporção anatômica; Naturalismo (2ª metade do século XIII a meados do XIV), em que a estatuária ganha vida e movimento, com ancas pronunciadas e silhuetas "em S" para evidenciar dinamismo, acentua-se a expressão do rosto e surgem detalhes mais minuciosos no tratamento de cabelos e barbas, conferindo um caráter mais humano às personagens divinas representadas; Realismo (2ª metade do século XIV e durante o século XV), época do triunfo da curva e contra-curva, ondulação excessiva, sobretudo no drapeamento, que acentua a expressividade das estátuas; preocupação absoluta de representação do real, que conduz à procura da verossimilhança no retrato; por influência da grande mortandade após 1348 e os progressos nos estudos anatômicos levam mesmo ao exagero de representar o corpo feito cadáver.

Sobre a escultura gótica

Apesar de terem mantido muitos aspectos que caracterizaram a escultura românica, como, por exemplo, a continuidade de uma relação de grande cumplicidade com a arquitetura, os artistas dos sécs. XIII e XIV alargaram o seu repertório temático, utilizaram um maior número de suportes e receberam da parte dos enco- mendadores uma atitude mais aberta em relação ao seu trabalho. Relativamente ao período anterior, registrou-se uma evolução, sobretudo, ao nível da composição, da expressividade, da monumentalidade das suas obras e da progres- siva aproximação ao real. Deste modo, a escultura gótica estabeleceu uma aproximação gradual à cultura humanística, assumindo um caráter mais naturalista na representação do rosto, do corpo humano ou da natureza, desenvolvendo novas capacidades expressivas e autonomizando-se em relação à arquitetura. Tendo conquistado o seu próprio espaço, a escultura atingiu uma concepção mais plástica, mais dinâmica e verdadeira. Uma das obras paradigmáticas desta renovação é a Morte da Virgem, do tímpano da Catedral de Estrasburgo. Aqui, a dificuldade de adaptação das figuras ao espaço arquitetônico, implicando em alguns casos a representação parcial das figuras, é compensada pela delicadeza com que os Apóstolos tocam o corpo da Virgem e pela emoção que se manifesta nos seus rostos. Também a forma como são tratados os cabelos e as pregas das roupas, evidenciando a anatomia dos corpos, é inovadora e faz-nos lembrar a arte clássica. Já a Anunciação e a Visitação esculpidas nas jambas do pórtico ocidental da Catedral de Reims libertaram-se da arquitetura para se converterem em esculturas de vulto redondo, firmemente apoiadas no solo, continuando um caminho iniciado em Chartres. Privilegiando uma aproximação ao mundo físico, as pregas da roupa deixam transparecer as anatomias que cobrem e, especialmente na Visitação, o escultor parece dominar completamente o modelo clássico.

Talvez a inovação mais significativa se relacione com a organização do portal do templo: as ombreiras, ou jambas, são substituídas por estátuas-coluna que se prolongam nas arquivoltas em torno do tímpano. A evolução dos temas e da iconografia, inspirada no Novo Testamento, continua sendo estabelecida por motivações de ordem religiosa - Cristo em Majestade, Juízo Final (com os Apóstolos distribuídos pelas ombreiras) e a Virgem em Majestade -, mas, de um modo geral, as figuras são humanizadas estabelecendo entre elas uma relação afetiva. A partir de meados do séc. XII, o santo patrono da igreja ocupa o tímpano numa mandorla e no centro de cenas da sua vida, ao qual se juntam todos os santos da diocese nas ombreiras, em estátuas-coluna. A escultura gótica caracterizou-se, sobretudo, pelo naturalismo das expressões e dos detalhes mais minuciosos e por uma representação mais próxima do real. Para além destas manifestações, surgem com grande impacto na produção escultórica as estátuas jacentes e os retratos funerários, o que se deveu fundamentalmente à proliferação de capelas privadas para albergar sepulcros de nobres, altos dignitários eclesiásticos e burgueses
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Arquitetura gotica

Na arquitetura, o estilo gótico é caracterizado pelo arco de ogiva. Este estilo surgiu na França nos fins do século XII e expandiu-se pela Europa Ocidental, mantendo-se até a Renascença, ou seja, até o século XIV, na Itália, e até o século XVI ao norte dos Alpes. Moore definiu a arquitetura gótica como um "sistema de abóbadas, cuja estabilidade era assegurada por um equilíbrio perfeito de forças". Esta interessante definição é infelizmente incompleta, pois nem sequer cita os arcos de ogiva. Mas a verdade é que, se este elemento é fundamen- tal no estilo gótico, aparece também noutros estilos, assim como o arco de volta inteira surge igualmente nos edifícios góticos. Durante o período românico, o arco de ogiva apare- ce principalmente nos lugares onde existe forte influência sarracena. Os arquitetos da catedral românica de Monreale, utilizaram-no freqüentemente. O românico espanhol, e até mesmo o provençal, empregaram o arco de ogiva. Por outro lado, num edifício tão gótico quanto a catedral de Chartres, as janelas da clarabóia da nave são de volta inteira, salvo nas suas subdivisões, assim como os arcos diagonais da Notre-Dame de Paris. O arco de ogiva, então, não é tão característico do gótico como geralmente se pensa.

A definição de Moore não menciona as paredes, mas somente os três elementos principais da construção. No gótico francês, uma vez chegado o seu máximo esplendor, a parede deixou de ser com efeito, elemento da estrutura. O edifício é uma gaiola de vidro e de pedra com as janelas que vão de um pilar a outro. Se a parede existe ainda, por exemplo, sob as janelas das naves laterais, é somente como defesa contra as intempéries. Tudo se passa como se as paredes românicas tivessem sido cortadas em secções e cada secção houvesse girado sobre si própria num ângulo reto para o exterior, de modo a formar contra-fortes.

No seu início o gótico francês baseava-se nos elementos estruturais definidos por Moore, porém essa definição só se aplicaria à elaboração do gótico francês não abrangendo a arquitetura gótica de outros países ou as fases ulteriores deste estilo na França.

A abóbada

Dentre os elementos da arquitetura gótica este seria o mais importante. Os arquitetos góticos introduziram duas inovações fundamentais na construção de abóbadas. Em primeiro lugar para os arcos dobrados e os arcos dianteiros terem a mesma dimensão que os arcos cruzeiros, adotaram o arco de ogiva. O cruzamento das ogivas permite obter abóbadas com arcos da mesma altura. Numa abóbada que cubra um espaço retangular, a ogiva dos arcos formeiros tem de ser muito pronunciada. Por outro lado, os construtores góticos tentaram concentrar a pressão das abóbadas ao longo de uma linha única, em frente de cada pilar, no exterior do edifício. Os arcos góticos alteiam os arcos formeiros: em vez de os iniciar ao mesmo nível que os arcos diagonais, inserem um colunelo que permite colocar o nascimento dos arcos formeiros em nível superior ao dos outros. Assim, as janelas da clarabóia tornam-se mais importantes e, desse modo, não há mais a necessidade de ser acentuar a ogiva do arco formeiro para obter uma abóbada de flechas iguais. Finalmente, a zona coberta pela abóbada na parede exterior reduz-se a uma linha em vez de se limitar a um triângulo. A nave da Catedral de Amiens oferece um exemplo claro deste sistema.

Suporte

Uma vez que a arquitetura gótica se desenvolveu a partir da românica, podemos encontrar um colunelo para cada nervura da abóbada, o que efetivamente acontece sobre os capitéis da arcada da nave. Como as proporções do edifício se tornaram mais leves, os fustes são mais esguios do que na arte românica e sublinham o movimento ascendente do conjunto. Quanto ao pilar propriamente dito, o caso é diferente. O pilar composto românico, por mais lógico que seja, é relativamente espesso; define o espaço da nave central e a separa das laterais. As diferentes partes da igreja são desde então concebidas como unidades separadas. O gótico parece primeiramente retroceder. O pilar composto é substituído por uma coluna lisa e redonda cuja massa, menos volumosa, facilita a passagem entre a nave central e as laterais, criando um espaço único. Para que se torne possível utilizar colunas lisas, os suportes aparentes dos arcos da abóbada devem terminar ao nível dos capitéis, o que embora seja arquitetonicamente possível, é pouco estético. Com efeito, as verticais rígidas dos colunelos parecem interromper-se muito bruscamente.

Entretanto, o desejo de se construir catedrais cada vez mais altas, leva a um grande aprimoramento técnico. Exemplo disso são os fortíssimos pilares de Chartres, nos elegantes fustes de Amiens, testemunho de uma experiência mais avançada em termos de arquitetura.

A habilidade técnica em constante progresso dos construtores dos séculos XIV e XV, permitiu recorrer novamente ao pilar composto, cujos elementos serão tão finos e tão delicados, que parece desafiar as leis da gravidade.

Contraforte

É o terceiro e último elemento estrutural do gótico. As paredes góticas ao contrário das românicas são finas ou inexistentes, sendo o contraforte tipicamente gótico composto de duas partes. A primeira, o contraforte propriamente dito, inspira-se no contraforte românico e está colocado em ângulo reto em relação a igreja, contra a parede lateral, e, eleva-se muito altamente, num enorme grau de perfeição. O peso deste elemento neutraliza a pressão das abóbadas. O segundo elemento, ou arcobotante, é especificamente gótico. O arcobotante tem uma caixilharia diagonal de pedra; está escorado de um lado pelo contraforte, colocado a certa distância da parede, e por outro lado pela clarabóia da nave. O arcobotante dirige a pressão da abóbada para o exterior por cima da cobertura da nave central. Como é cimbrado por baixo, exerce um pouco de pressão sobre o vão; sozinho não poderia resistir à pressão lateral das abóbadas, mas associado aos contrafortes, tem uma força enorme.

Foi graças a esse elemento que o gótico ousou construir naves tão altas e tão claras. Assim, a catedral gótica eleva-se para o céu como uma oração e, tal como a filosofia medieval, exprime o intangível e transcende o homem, na sua procura do além.

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