Quimeras

sábado, 20 de fevereiro de 2010.

Remontam, pelo menos, à Antiguidade Clássica os exemplos de várias figuras mitológicas, muitas vezes deuses ou semideuses, que retratavam entes híbridos, ou seja, uma combinação de outros seres, os quais eram dotados de determinados atributos ou simbolizavam qualidades específicas.
Por exemplo, são sobejamente conhecidas as esfinges egípcias, figuras enigmáticas com cabeça humana e corpo de leão; entre os Assírios encontramos os touros alados (corpo de touro, com asas e cabeça humana); um motivo tipicamente persa era o leão com asas e cornos de bode; entre os Hebreus podemos encontrar os querubins (esfinges aladas que surgem abrigando sob as asas a Arca da Aliança, no Templo de Salomão); os antigos Gregos nutriam especial predileção pela Quimera, uma criatura com cabeça de leão (símbolo do poderio helênico) que exalava fogo pela boca, tinha o corpo de uma cabra e cauda de serpente – essa designação acabou por ser adotada para designar genericamente outros tipos de seres fantásticos, cujos corpos eram a combinação de dois ou mais animais conhecidos. Assim, e ainda na mitologia grega, surgem, entre outros, as hárpias (que tinham cabeça e torso de mulher, pernas e cauda de ave e também asas), os sátiros – cujos equivalentes romanos eram os faunos – (com torso humano, cabeça com cornos, e a metade inferior do corpo semelhante à de um bode), os centauros (parte homens, parte cavalos) ou os grifos (com cabeça, bico, asas, torso e patas dianteiras semelhantes às de uma águia, mas com orelhas, quartos traseiros e cauda de leão), os quais podemos igualmente encontrar entre os Persas.
Enfim, são numerosas, embora muitas vezes baseadas em idênticos temas, as imagens que reuniam as características destas figuras híbridas e que foram adotadas por diferentes povos, sendo quase certo as mais antigas terem influenciado as seguintes, mesmo em espaços geográficos relativamente distantes.
Mas qual era a função de tais imagens? Uma das explicações que parece reunir maior consenso é a de que serviriam como "guardiãs", protegendo das influências maléficas os locais onde estavam implantadas.
Uma vez que, em vários casos, estas quimeras antigas representavam divindades ou heróis míticos com poderes sobre-humanos, esse papel protetor sobressai assim como um motivo plausível para que tenham sido retratadas das mais diversas formas: em pequenos artefatos, em jóias ou amuletos, em recipientes e escudos, quer pintadas, quer esculpidas, surgindo tanto em templos como em edifícios laicos e até mesmo em casas particulares.

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